O presente estudo tem como objetivo apresentar uma reflexão teórica acerca do que chamamos de Silenciamento das Narrativas a partir de uma análise sobre os impactos psicossociais associados à Pandemia da COVID-19 no Brasil. Destacamos que o caleidoscópio de eventos ocorridos de forma simultânea resultou numa certa Política do Esquecimento. Nesse sentido, a Psicologia, em sua esfera clínica e social é convocada a encontrar formas de resgatar, dar espaço e voz às essas narrativas que, certo modo, continuam silenciadas, dada as urgências imperativas que o cotidiano nos impõe. A partir do método historiográfico, conforme proposto por Walter Benjamin, e dos pressupostos de Hannah Arendt, segundo os quais os incidentes e histórias vivas devem orientar a atividade do pensamento, traçamos o caminho da argumentação. Utilizamos as narrativas em primeira pessoa do singular e do plural para intercambiar experiências singulares e coletivas, além de artigos científicos e fontes jornalísticas, a fim de compreender os eventos ocorridos entre 2020 e 2023 e seus desdobramentos sobre a Saúde Mental da população brasileira. Discute-se o apagamento histórico das memórias sobre a Pandemia em diferentes contextos, analisando-se as urgências políticas, sociais e econômicas impostas à população durante esse período. Adverte-se sobre os riscos de se reduzir os impactos psicossociais às esferas individuais, neurológicas e/ou psicopatológicas, sem considerar os aspectos históricos antes, durante e depois da pandemia. Identificamos que uma análise pontual e causal, que não tensiona as complexidades, incide numa tendência ao fortalecimento das políticas do esquecimento que reforçam um individualismo e intrapsiquismo. Ademais, destaca-se o papel de uma Psicologia Crítica, que ao ponderar os aspectos coletivos, torna-se capaz de considerar a dimensão política na compreensão das experiências humanas.