A exposição a produtos tóxicos na pediatria, sendo eles farmacêuticos ou não, pode se considerar um evento comum, no entanto, se constitui como grave problema de saúde pública, pois na maioria das vezes é possível a mediação de esforços e trabalhos voltados para prevenção de intoxicações exógenas. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico das intoxicações exógenas em crianças e adolescentes no estado do Ceará, de 2016 a 2021. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo e documental dentro de uma abordagem quantitativa referente a intoxicação exógena em crianças e adolescentes no estado do Ceará. Os dados foram coletados no site do SINAN, não sendo necessária aprovação em Comitê de Ética e Pesquisa. Resultados e Discussão: De janeiro de 2016 a dezembro de 2021 foram identificados 6.901 casos de intoxicação exógena no estado do Ceará, sendo 2019 o ano com maior número de casos, com 21,6% (1.491). O sexo feminino correspondeu a 63% (4.361) das notificações. Destaca-se a faixa etária de 15 a 19 anos como a mais prevalente, com 46% (3.168) dos casos. Observou-se que a maioria das intoxicações foram por medicamentos 56% (3.849) e a circunstância foi por tentativa de suicídio 42,3% (2.924). A maioria dos casos evoluíram para a cura 77,1% (5.324). A prevalência no sexo feminino e o agente tóxico provavelmente podem estar associados à transição do ensino médio para a preparação do vestibular, no qual é exercida uma pressão psicológica sobre o adolescente, principalmente por seus familiares. Considerações Finais: Se faz necessário novas análises, relatos de experiências acadêmicas e profissionais, pois são relevantes para realçar essa problemática. A sistematização e publicação de reflexões produzidas nos próprios serviços, com a participação de usuários, familiares, gestores e trabalhadores, são fundamentais para compreender a capacidade de contribuição de práticas orientadas nos princípios da redução de danos e da atenção psicossocial.