Objetivo: Discutir a medicalização do luto na Atenção Primária à Saúde brasileira, destacando o reconhecimento e manejo adequado do Transtorno do Luto Prolongado, seus impactos na saúde mental e as alternativas terapêuticas disponíveis. Relato de Experiência: Estudante de Medicina, estagiando em Unidade de Saúde da Família, atendeu mulher de 34 anos com sintomas respiratórios e histórico de uso prolongado de benzodiazepínicos e antidepressivos, iniciado após a morte da avó. A usuária, divorciada e mãe de três filhos, mostrou sinais do Transtorno do Luto Prolongado. Discussão: O caso destacou a complexidade do luto, especialmente em situações de perda de figuras centrais na vida do indivíduo. A dependência de psicotrópicos como estratégia disfuncional de enfrentamento do luto foi evidenciada, com consequências negativas como tolerância e síndrome de abstinência. A resistência à mudança e o comprometimento do julgamento agravam a condição, necessitando de uma abordagem terapêutica abrangente, que inclua psicoterapia, intervenções psicossociais e suporte físico e emocional. Considerações Finais: Revelou-se a importância do manejo do Transtorno do Luto Prolongado na Atenção Primária à Saúde, propondo alternativas como a terapia cognitivo comportamental, suporte social e práticas de mindfulness. A necessidade de ambientes acolhedores e profissionais capacitados para reconhecer e tratar o TLP foi mencionada, visando prevenir a cronificação dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos usuários. Sugere-se a realização de pesquisas adicionais para avaliar a implementação dessas estratégias na prática da APS, abordando barreiras e facilitadores.