Objetivo: Relatar e refletir sobre a experiência da mestranda como preceptora de enfermagem na implementação de um Projeto Terapêutico Singular (PTS) em um Centro de Saúde da Família, em um município de médio porte no Oeste Catarinense. Metodologia: Relato de experiência baseado na preceptoria em enfermagem realizada de junho de 2019 a outubro de 2021 em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) vinculada à Secretaria Municipal de Saúde. Resultados e Discussão: A estruturação do PTS é essencial para organizar o trabalho e proporcionar um cuidado baseado na clínica ampliada. Esse modelo promove a autonomia do sujeito, da família e da coletividade através de uma escuta individualizada e respeitosa das singularidades de cada pessoa, levando em conta aspectos biopsicossociais. No entanto, desafios significativos surgem na continuidade do cuidado devido à alta rotatividade da equipe, comprometendo as discussões e o acompanhamento contínuo. A fragilidade dos vínculos e as interferências externas afetam negativamente o processo. Questões macroestruturais de gestão e instituições dificultam a implementação eficaz do PTS. Obstáculos adicionais incluem dificuldades de comunicação, formação acadêmica uniprofissional, sobrecarga assistencial, necessidade de alinhamento na Estratégia de Saúde da Família (ESF) e fragmentação na construção de projetos terapêuticos. Considerações Finais: O PTS ainda é pouco utilizado e distante da realidade dos serviços e profissionais envolvidos. Existe uma lacuna entre teoria e prática, com baixa apropriação do conceito e das diretrizes do Ministério da Saúde. No entanto, o estudo sugere que o PTS tem potencial para fortalecer a gestão do cuidado e a efetividade das intervenções, proporcionando novas reflexões e práticas dentro da ESF. A educação é vista como essencial para a intervenção e aprimoramento das práticas, sendo fundamental para a evolução da saúde pública no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS).